Pesquisa

Estudo de métodos nucleares e potenciais para exploração de hidrocarbonetos

O objetivo desta linha de pesquisa é usar os métodos geofísicos de levantamentos gama-espectrométricos e magnéticos aéreos e terrestres na exploração de hidrocarbonetos. O método baseia-se no fato de que num reservatório de hidrocarboneto há sempre micro-exsudação de petróleo e gás, por melhor que seja a rocha selante.

O hidrocarboneto exsudado, gasoso e fluido, flui para a superfície, como bolhas micrométricas e interagem com o material da coluna estratigráfica produzindo uma ampla variedade de alterações diagenéticas, alterando o ambiente e criando um ambiente mineralógico particular com várias anomalias geoquímicas e geofísicas. Entre essas anomalias, verifica-se a redução da concentração do potássio, o aumento na concentração do urânio, alterações “micromagnéticas” e aumento da suscetibilidade magnética em solos ou rochas jazendo sobre depósitos de hidrocarbonetos (Saunders e outros, 1993).

Essas anomalias geoquímicas podem ser detectadas por métodos geofísicos de superfície aplicáveis à exploração de hidrocarbonetos, notadamente em bacias terrestres maduras e de nova fronteira. No caso, podem-se utilizar métodos geofísicos radiométricos e magnéticos, aéreos e terrestres.

O uso da gama-espectrometria e da magnetometria na localização de reservatórios de hidrocarbonetos já vem sendo feito a mais de duas décadas em muitos países como Austrália, Estados Unidos, Canadá e Israel, entre outros (Matthews, 1986; Saunders e outros, 1993; LeSchack, 1997). No Brasil, não se tinha levantamentos aéreos das bacias terrestres. Esse quadro vem mudando com a Lei do Petróleo 9.478/97 pela qual a ANP pode contratar a aquisição e o processamento de aerolevantamentos combinados de gama-espectrometria e magnetometria de alta resolução nas bacias interiores brasileiras. Nessa nova atitude, a ANP já realizou tais levantamentos nas bacias do Parnaíba e do São Francisco e em algumas bacias amazônicas. Com esses levantamentos, podem-se compor metodologias não-invasivas e sem impactos ambientais, as quais permitem a detecção aérea e terrestre dos efeitos de processos de micro-exsudação de hidrocarbonetos.

Em bacias onde se dispõe de dados de levantamento aéreo gama-espectrométrico e magnético, esses dados são tratados com programas tipo GEOSOFT para obter-se, entre outros, os gráficos dos desvios δK, δU e δRad, os mapas de isovalores de K, U e Th, os mapas da anomalia magnética residual, dos azimutes das anomalias magnéticas residuais e da anomalia magnética residual de segunda derivada horizontal.

Para bacias onde não existam dados de levantamento aéreo, fazem-se levantamentos gama e magnético terrestres utilizando um espectrômetro gama portátil e dois magnetômetros: um de precessão de prótons como uma estação de base para permitir a correção de variações diurnas e um de bombeamento óptico para as medidas itinerantes. Esse magnetômetro tem uma grande ensitividade (0,003 nT) a qual é necessária para detecção das micro-anomalias magnéticas previstas neste tipo de trabalho.

O grupo de pesquisadores do CPGG-UFBA em física nuclear, já vem trabalhando com espectrometria gama terrestre na determinação de taxa de produção de calor radiogênico de rochas (Alves Júnior, 2003; Sapucaia, 2004; Sapucaia et al., 2005; Reyes, 2008) e com espectrometria gama aérea e aeromagnetometria no estudo de diferenciação litológica e determinação de falhas (Reyes, 2008). Esta linha de pesquisa representa uma nova frente de trabalho que envolverá dois pesquisadores do Observatório Nacional que já desenvolveram trabalhos desse tipo na bacia Potiguar com bons resultados.